A tese da criminalização da pobreza expandindo preconceitos
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A tese da criminalização da pobreza expandindo preconceitos


A tese da criminalização da pobreza expandindo preconceitos


A Sociologia contribuiu durante muito tempo para uma idéia presente ainda na sociedade: a de que os pobres são responsáveis pelos crimes. Esse conceito, que liga de forma direta a pobreza com o crime, é hoje refutado dentro das Ciências Sociais, visto que estabelece preconceitos e analisa de maneira muito simplista as causas da criminalidade. Se imaginarmos que toda pessoa pobre tende a ser criminoso, deixamos de lado todos que apesar das condições de vida adversas, trabalham, muitas vezes de forma precária, para garantirem sua sobrevivência. O sociólogo Edmundo Campos Coelho, em seu texto intitulado "Sobre sociólogos, pobreza e crime", publicado na Revista Dados, em 1980 expõe que, apesar dos discursos que colocam a criminalidade como uma forma de sobrevivência, essa tese não se confirma, mostrando-se frágil, politicamente reacionária e sociologicamente perversa; servindo apenas para formar mentalidades e juízos de valores que promovem uma repressão de forma mais acentuada às classes populares. Devemos considerar que a elite também comete crime, mas que devido à sua classe social e ao status, a maioria deles não é julgada e muitas vezes nem denunciada, ou como bem colocou Sérgio Adorno, sociólogo, professor e pesquisador do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (USP), no texto "Crime, Justiça Penal e Desigualdade Jurídica", publicado no livro Sociologia e Direito: Textos Básicos para a Disciplina de Sociologia Jurídica, organizado por Souto e Falcão: "[...] Se o crime não é privilégio de classe, a punição parece sê-lo. [...]". Assim, a tese da criminalização da pobreza faz com que a vigilância e a repressão repousem nas classes populares, uma vez que os pobres são vistos como bárbaros.
Revista Sociologia



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